O Triunfo dos Porcos
António Frias Marques 8-jan-2015
Durante muito tempo os cidadãos não viveram descansados porque a casa não era deles, mas dos bancos.
Muitos conseguiram pagar os empréstimos não obstante, afinal, a casa continuar a não ser deles, mas sim das Câmaras. O dinheiro do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) vai direitinho para as arcas do poder local, ficando as Finanças com uma pequena percentagem, a título de comissão pela cobrança do imposto.
Na prática, é através do valor arrecadado com o IMI que as Câmaras se governam.
Se por qualquer dificuldade na vida do proprietário, este não conseguir solver o tributo, então, sem qualquer espécie de contemplação, a casa é penhorada e vendida a algum eventual interessado nas “vendas em conta” promovidas pelo Fisco, já tendo acontecido, mais que uma vez, o pechincheiro ter surpreendido dentro de casa, o corpo do anterior proprietário que, por motivos atendíveis, não foi cumpridor das inadiáveis obrigações fiscais.
Tamanha falta de sensibilidade advém de, em matéria fiscal, os proprietários - contribuintes de eleição - nunca serem ouvidos, pois o seu papel tem sido única e simplesmente pagar!
Os técnicos propõem e os políticos decidem… está decidido! Até quando?
Em fevereiro de 1944, George Orwell acabou de escrever “O Triunfo dos Porcos” que termina com o seguinte parágrafo:
“Não havia dúvidas agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam lá fora olhavam do porco para o homem, do homem para o porco e novamente do porco para o homem, mas era já impossível distinguir uns dos outros.”
FIM
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