GOVERNAR SEM INTERLOCUTOR
A autosuficiência com que este Governo nos tem surpreendido, particularmente desde há três anos, data da instalação da Secretaria de Estado da Habitação, bem demonstra a pouca ou nenhuma consideração que vota aos particulares detentores de património imobiliário destinado a habitação.
Com efeito, apesar da verdadeira cascata de diplomas com que fomos brindados, que só por si constituem um volumoso edifício, mas de papel, em nenhuma ocasião passou pela cabeça dos governantes dialogarem com os representantes dos proprietários. Entretanto, pelas notícias vindas a lume, foram bastantes os contactos com os representantes dos arrendatários, tendo sido vertidas na lei quase todas as suas exigências.
São nítidas as decisões que comprovam o desprezo que o Governo tem em relação aos pequenos e médios proprietários, a quem persegue de forma pertinaz.
O IMI vezes doze (vezes seis apenas neste primeiro ano) é de quem não tem consciência e “atira a matar” antes de saber o porquê de haver locais habitacionais e... (pasme-se!) não habitacionais devolutos.
Ao afirmarem que é para dar habitação à população, será que tencionam pôr pessoas a dormir em locais afetos ao comércio, que não possuem qualquer aptidão para tal, além da sua hipotética transformação em local habitacional carecer de moroso e custoso projeto camarário que, eventualmente, lhe conceda licença de uso habitacional, impossível de obter no caso dos centros comerciais ou de escritórios, em que a propriedade foi fracionada? ...
A criação e o agravamento do AIMI para quem detenha propriedades imobiliárias, humildes que sejam, de valor global superior a 600.000 euros ou de qualquer valor, no caso das empresas, é outra medida em que se pretendeu fazer figura de sandeu.
A imagem que passou para a opinião pública é que se tratava de pessoas que viviam como nababos em casas milionárias, de valor superior a esse montante, quando não se trata, rigorosamente, de nada disso.
AFM FIM |